domingo, 7 de dezembro de 2008

Era uma vez...

Era uma vez a história de dois primos. Um pobre, querido pela maioria e odiado por outros. Não tinha meio termo: ou o amavam ou o odiavam. O outro primo era rico e ficava mostrando a todos o que tinha e o que podia fazer. Tudo dava certo pro primo rico e a culpa nunca era dele. Se alguém chegava em sua casa e não gostava do lugar, não era problema dele e, sim, da pessoa que chegou. O primo pobre era acusado quase sempre e acabava se dando mal por tabela. Já com o rico, nada acontecia. Podiam acusá-lo de tudo que passava ileso a tais acusações.

Não precisa ser gênio para entender do que estou falando. Corinthians e São Paulo, dois dos maiores clubes do país, sempre foram alvo de denúncias, acusações e comentários. Um ou outro está nas capas dos cadernos de Esportes. Não tem erro. Porém, nos últimos anos, a abordagem tem mudado um pouco. Em 2005 o Corinthians foi acusado de comprar o Campeonato Brasileiro, pois 11 partidas de um árbitro declaradamente corrupto foram anuladas. Alguma prova contra o alvinegro? Não. A não ser que o Corinthians utilizou-se de cerca de US$ 22 mi para trazer aquele que seria o grande responsável pelo título: Carlitos Tevez. Apesar da falta de provas, imprensa, clubes, dirigentes e torcidas rivais ironizaram o título do Timão. Declarações e mais declarações não fundamentadas foram trazidas a tona sem nenhum zelo com as palavras.

Hoje a situação se inverteu. O Corinthians vive um momento de paz nos campos, na torcida e até na diretoria. Tudo corre bem no PSJ. Já no tricolor, em uma semana conturbada, com acusações de mala-branca para todos os lados, excesso de confiança de ambos os lados, declarações infelizes e ingressos em preços surreais para o nível brasileiro, temos mais um acontecimento nesse sábado que faz com que realmente a final desse ano seja diferenciada. Em uma decisão nunca antes tomada, a CBF, um dia antes da partida decide trocar o árbitro por uma acusação (ainda não esclarecida) de suborno ao arbitro da partida entre Goiás X São Paulo. Ingressos de um show e envelope com dinheiro enviados a um árbitro (por coincidência ou não o árbitro que apitaria a próxima partida do São Paulo). Segundo a TV Bandeirantes, Juvenal Juvêncio, ligou para a secretária do presidente da FPF, Marco Polo Del Nero, para confirmar nomes de dirigentes da entidade para entregar envelopes que conteriam ingressos para o show da cantora. Entre os nomes citados pela secretária estava o do árbitro Wagner Tardelli. Aparentemente, a secretária do mandatário são-paulino não sabia que Tardelli era árbitro e o confundiu com um dirigente. Aí tem coisa. Os dirigentes reúnem-se num quarto de hotel para preparar o discurso, nervosos, sem muitas palavras.

Todos estão usando a palavra 'apurar'. Vamos apurar aqui, vamos apurar acolá, mas o que acontece não tem explicação e nem conclusão tão óbvia. É claro que seria irresposável acusarem o São Paulo nas capas de jornais, na internet e na televisão. Mas a pergunta que passa na cabeça da maioria de nós, Corinthianos: e se fosse conosco? E se o envelope fosse remetido por um dirigente corinthiano? O cuidado seria o mesmo ou acusações de título comprado ecoariam após 3 anos? Pensem o que quiserem sobre o caso, sobre meu texto e sobre a comparação que vem sendo feita. Mas buscaremos esse e os otros textos sobre o caso daqui um tempo. Só então poderemos concluir o que foi e o que não foi precipitado em nossas declarações.

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